
O Piano e a grama
Ela morta, parada
Ele calado silenciado
Pelo tempo o coração de pedra
Imóvel testemunha, cabisbaixo
Das passagens do sol gentil do outono
Inúmeras...
Viu os contos da lua branca pura
Tantos foram
Os passos de suas sombras
Escalando e escorrendo nas paredes
Quantas eras
Em páginas caídas
Repousam no mofo
Paredes ruidas

Beijado, coberto pelo manto de poeira
Que os ventos da noite trazem das estrelas
Embalando o sono
Da melodia tocada
Enterrada
Suspira
E rasga com as notas tristes
Como as gotas da chuva
As cortinas fechadas
Fluindo calma
Envenena e adormece...
Envolve como a mortalha
Alisa com os dedos
O outro lado do véu
Tecido pelas voltas do ponteiro
Cobrindo o que há
Mais alto que as estrelas no céu
