Ouça no Silencio...

Ouça no Silencio...
Os sussuros da Escuridão

Anjo...

A noite pousa sobre seus ombros
O silêncio embriaga seus sonhos
Durma bem meu anjo
Preciso levar sua alma
Para que ela conheça os vales
Onde para sempre irá habitar

domingo, 22 de janeiro de 2012

Legiões.

Nas primeiras noites... os objetos moviam-se pela casa, os móveis arrastando-se, os vidros explodindo. Foi assustador. Resistimos.
Depois, eles vieram do pó, da poeira sob o sopro gelado da madrugada, uma blasfêmia, feitos de barro e monstruosos. Lutamos. Entao...Do vidro, formaram-se perfeitos em simetria rostos lisos sem expressão, olhares vazios,pareciam máscaras. Tinham corpo de gente, demônios pálidos, tinham presas e garras de cristal. Falavam, uma voz grave e imponente, eram irònicos e crueis. Oramos, atiramos e sobrevivemos. Virão mais... e mais... trancamos as janelas e cada ruído la fora é um corte frio na espinha. Agora nos resta segurar as armas em vigilia, que Deus nos proteja

sábado, 7 de janeiro de 2012















O som de minhas botas apertando o cascalho acompanhava-me enfeitando meus passos hesitantes e retos penumbra à dentro.Estava àquela noite, onde o vento soprava por cima das tumbas assobiando minha chegada, e tocando meu peito como um aviso frio. Era noite de lua cheia, porém parecia adormecida, não havia estrelas, as nuvens imponentes e densas ocultavam a imensidão do céu, e as sombras que minha lanterna dissolvia aos poucos revelando as lápides emboloradas acortinava-me do mundo, do meu passado, e do terror que espreitava nas trevas temperadas pelo verde das árvores.


Era um encontro marcado, marquei com a morte alguns passos à frente, certifiquei-me no velho mapa com minha visão atrapalhada, de acordo com minha pesquisa sombria.. Estava lá, no lugar correto, era a encruzilhada central do Cemitério de Highgate coberta de lendas e historias londrinas escabrosas , cercada de uma negatividade densa que abateu-se sobre meu espírito, um clima pesado que devorava minha alma, com aquelas mandíbulas geladas a cada passo que dava. Avistei esticando-se contorcida aos céus como a mão de um condenado, a silhueta de uma árvore morta crescia no topo da colina além dos túmulos. Fiz cruz, apertei o cabo da pistola e tomei rumo pelo chão umedecido e íngreme até que me encontrava em uma clareira, cercado de névoa como grinalda, cheiro de mofo... Então parei. O vento calou-se, nenhuma nota noturna,mas sabia que não estava só, qualquer alma humana notaria um toque de veneno naquela noite assombrada, as nuvens pretas congeladas como a pintura de um pesadelo, apertavam minha fé contra o chão, sem poder olhar aos céus...Apertei meu crucifixo de prata, concentrei-me com até sentir seu cheiro no sereno, era minha arma, minha segurança.


Mal tive tempo de começar a pensar se a hora, a data era a correta, tentei contar os segundos à mente, mas a tensão daquele lugar vaporoso dissolvia minha contagem em veneno de pavor, pus força em criar a pior das expectativas, tendo conhecimento de que... a qualquer momento podia deparar-me com o inominável terror que vagava aos cemitérios por trás de toda aquela escuridão, que reduzia de suspense minha motivação de caça, senti-me a presa, em uma armadilha tenebrosa armada de obsessão trevas e paixão pelo desconhecido. Desconhecido até que ouvi... A seqüência de sons mais estarrecedora que Deus permite-me lembrar... primeiro um galho quebrou-se no meio da floresta, aquele som ecoando pelo vazio que o medo me cavara no peito arrepiou-me todo o corpo, senti uma mão gelada tocar minha nuca e ouvi um som estrondoso como o quebrar de uma gigante onda contra as rochas, era um uivo, um uivo de lobo , fantasmagórico, cercando-me por trás da escuridão, entrando pelos meus ouvidos e esbarrando violentamente em minha alma, destroçando-a num susto como uma taça de vidro.


A maldita névoa, parecia viva e sufocava minhas palavras junto com o medo crescente. Foi enorme a força que fiz para alguma palavra conseguir escapar de minha boca. O Latim enfureceu a fera, passou a rasgar-me com aquelas garras desencarnadas, frias como gelo, invisíveis, surgindo de todo lado.Aqueles urros mergulhavam minha alma em desespero, vindos do inferno, cavalgando o véu acinzentado da noite,engolindo-me como um vórtice de um pesadelo, pus mais força à oração, e aproveitei o recuo daquele demônio e pus-me a correr, sem rumo mergulhando na escuridão do maldito labirinto assombrado, enquanto o pai guiava-me por entre aquelas esquinas, por graça acertei o portão ainda vivo, subi manco no Steve, meu cavalo, e deitado em seu lombo dei o comando “ Domus!, Domus!”. Acredito ter sangrado até desmaiar, memórias vagas mostram-me rostos demoníacos nas árvores pelo caminho, palavras incompreensíveis como vindas do pesadelo mais negro. Ao chegar em casa desci com dificuldade, fiz cruz à porta e amanheci jogado na soleira com a roupa esfarrapada e coberto de sangue.


Fantasma de lobisomem...o que mais há de criar as noites... os sonhos, fiz mais uma vez meu trabalho, de volta aos livros, e ao próximo encontro.


Non nobis domine non nobis sed nomini tuo da gloriam.



We Are The Fallen- Tear The World Down